
Cerca de 265 milhões de falantes unir-se-ão à celebração em todo o mundo
Com música e poesia será celebrado na Venezuela o Dia Mundial da Língua Portuguesa
O evento central dedicado à língua de Camões será realizado na Academia Venezuelana da Língua (que comemora 140 anos de fundação) correspondente da Real Academia Espanhola. No domingo, 21 de maio, na Quinta de Anauco, será realizado o Concerto de homenagem à Lusofonia, com a participação do cantor Beto Baralt e da cantora Mariana Serrano, como convidada.
Caracas – A poesia e a música unir-se-ão para celebrar na Venezuela o Dia Mundial da Língua Portuguesa, uma festa que une 265 milhões de falantes em todo o mundo, exaltando aquela que é a língua mais utilizada no hemisfério sul, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). O correspondente Programa Cultural, dedicado ao multilinguismo e à diversidade cultural, abrange atividades em várias cidades do país e dois eventos principais na capital.
Sob o lema “Ó música dos meus sentidos!”, uma frase do poeta Eugénio de Andrade, um dos escritores homenageados este ano pela Embaixada de Portugal em Caracas, o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua I.P., a Coordenação para o Ensino do Português, o Instituto Português de Cultura, o Correio da Venezuela, a cadeia de Supermercados GAMA e a Casa Oliveira uniram esforços para celebrar o dia 5 de maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa, assim proclamado pela UNESCO, em 2019.
“Língua de amplitude geográfica global; língua do passado; do presente e do futuro; o português acompanha, na crista da onda, o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e de comunicação internacionais, marcando presença cimeira na internet e nas redes sociais. Não restam, portanto, quaisquer dúvidas que a língua portuguesa está destinada a continuar a expandir-se, a grande velocidade, nas próximas décadas.”, afirmou João Pedro Fins do Lago, Embaixador de Portugal na Venezuela.
Rainer Sousa, Coordenador para o Ensino da Língua Portuguesa, do Instituto Camões, ressaltou que a ocasião é oportuna para recordar que a Venezuela já conta com 9500 estudantes e que “cada vez há mais universidades e Estados que adotam o português nos seus programas de estudo. A Hispanoamérica é um desses espaços onde cresce o interesse pela nossa língua, porque abre portas a nível professional e pessoal. Nos últimos anos temos testemunhado um crescimento nunca antes visto”.
O evento central da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, no próprio dia 5 de maio, será acolhido pela Academia Venezuelana da Língua, e decorrerá no Paraninfo do Palácio das Academias, na Avenida Universidad de Caracas, onde se realizará uma conferência sobre a situação do português na atualidade.
Este ano, o encontro académico e literário reveste-se de especial importância, precisamente por se realizar numa instituição correspondente da Real Academia Espanhola, que este ano celebra os seus 140 anos de fundação e onde participará Ricardo Tavares Lourenço, destacado professor universitário e investigador de diferentes aspetos da língua de Pessoa e Saramago.
O evento será, ainda, enriquecido com a intervenção do cantor Humberto “Beto” Baralt, que interpretará temas populares de Portugal e de países lusófonos, tais como Angola e Brasil, com a participação instrumental de Juan Ángel Esquivel na guitarra, Ezequiel Serrano na flauta, Miguel Chacón no baixo e Carlos “Nené” Quintero na percussão.
HOMENAGEM A QUEM MERECE
Este ano as celebrações do Dia Mundial da Língua Portuguesa prestam homenagem aos escritores Agustina Bessa-Luís, Natália Correia e Eugénio de Andrade, que comemoram o centenário dos seus nascimentos em 2023. A Embaixada de Portugal em Caracas, que num passado recente organizou eventos para celebrar aquelas escritoras, resolveu, por isso, concentrar os seus esforços na exaltação deste último poeta, explicou Rainer Sousa.
Eugénio de Andrade (1923-2005), conhecido pelo seu pseudónimo José Fontinhas, é uma voz indispensável da poesia contemporânea portuguesa que também deixou a sua marca na prosa e na tradução. Ainda em vida, recebeu o Grande Prémio de Poesia de Portugal (1989) e o Prémio Camões (2001).
O Poeta, autor de mais de 20 publicações, traduzido em dezenas de línguas, defendia que a poesia era “a mais nobre expressão do génio português”.
Para prestar homenagem ao autor dos poemas “Agora vivo mais perto do Sol”, “Branco no branco” ou “Um amigo é às vezes o deserto”, crianças e jovens alunos de português declamarão alguns dos seus versos, em diferentes escolas venezuelanas, com difusão nas redes digitais da Coordenação de Ensino de Português na Venezuela (CEPE), em Twitter: @CepeVzla; Instagram: @cepe.vzla; Facebook: CEPE Venezuela e nas redes sociais do Correio da Venezuela.
CONCERTO DE LUXO
As celebrações continuarão no domingo 21 de maio, às 16h, com um Concerto em Homenagem à Lusofonia, nos espaços da Quinta de Anauco, em Caracas, onde serão entoados alguns fados e canções de Bossa Nova.
Entrada Livre – Inscricao prévia https://forms.gle/qFu44ncs2jSbqmm8A
O cantor Beto Baralt, reconhecido pela sua atuação no papel principal da versão venezuelana do musical “Os Miseráveis”, encantará o público com as suas interpretações. Por sua vez, a cantora Mariana Serrano será a artista convidada do evento. No cenário estarão, novamente, os músicos Ezequiel Serrano, Juan Ángel Esquivel, Miguel Chacón e Nené Quintero.
De acordo com Rainer Sousa, o concerto é uma oportunidade para desfrutar e para observar como o português se tornou numa língua que é um veículo privilegiado para exprimir diferentes realidades e culturas: “esta língua é usada para cantar a saudade no fado, exprimir a melancolia da Bossa Nova e a alegria frenética do Kuduro angolano”, explicou.
MULTIPLICAÇÃO DE SABERES
O mês dedicado à cultura lusófona terminará com atividades em universidades de Caracas e Maracay, que receberão a visita de Helena Lemos, autora de textos muito conhecidos como “Português em Direto e Elementar” e “Praticar Português”.
Durante a sua estadia na Venezuela, entre os dias 22 e 27 de maio, a investigadora partilhará a sua experiência com outros docentes de Português enquanto Língua Estrangeira, com o objetivo de refletir sobre as abordagens dadas à oralidade na sala de aula.
DE INTERESSE
O português é uma língua de diáspora. De acordo com Sousa, esse fenómeno iniciou-se no século XV, quando os portugueses conquistaram Ceuta, no Norte de África. “Em toda sua história, Portugal tem visto como muitos dos seus filhos deixam a sua terra para se estabelecerem noutras regiões do mundo. A isto, nós chamamos “diáspora”. E esta “diáspora” não é somente portuguesa. É também brasileira, cabo verdiana, etc”.
UMA DAS LÍNGUAS MAIS FALADAS NO MUNDO
O português é a língua oficial de nove países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, Santo Tomé e Príncipe e Timor Leste. Também é língua oficial na Região Administrativa Especial de Macau, na República Popular da China.
Apesar das suas origens provenientes do latim hispânico, possui influencias do árabe e do suevo (este último uma língua germânica), assim como das línguas indígenas, africanas e asiáticas, entre outras. “O português influenciou as línguas locais, mas também bebeu palavras dessas outras línguas além mar”, explicou o professor Rainer Sousa.
Em 2009, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) declarou o dia 5 de maio como a data em que se celebra a sua língua e as culturas lusófonas. Uma década depois, na 40ª reunião da Conferência Geral da UNESCO, foi proclamada essa mesma data como Dia Mundial da Língua Portuguesa.
Para mais informação podemos visitar o sítio web www.cepe-venezuela.org, seguir a conta de Twitter @CepeVzla ou de Instagram @cepe.vzla, o sítio de Facebook: @cepe.vzla e o canal de Youtube Coordenação de Ensino Português no Estrangeiro Vzla.